domingo, 24 de julho de 2011

Escravidão Moderna Pt.8: Submissão - Opressão

"Pela força de obedecer se obtém reflexos de submissão."

O melhor de sua vida escorre pelos seus dedos, mas ele continua porque tem o costume de obedecer sempre.
A obediência se converteu na sua segunda natureza. Obedece sem saber porquê, simplesmente porque sabe que deve obedecer. Obedecer, produzir e consumir. Aí está a tríade que domina a sua vida. Obedece a seus pais, seus professores, seus patrões, seus proprietários e seus negociantes. Obedece a lei e as forças de ordem. Obedece todos os poderes, porque não sabe fazer outra coisa.

Não há nada que o assuste mais que a desobediência. Porque a desobediência é o risco, a aventura, a mudança. Assim como uma criança que entra em pânico quando perde de vista seus pais, O escravo moderno sente-se desorientado sem o poder que o criou. Por isso, continua obedecendo. O medo fez de nós escravos e nos mantém nessa condição.

Nos inclinamos diante dos mestres do mundo, Aceitamos esta vida de humilhações e de misérias, somente por temor. Entretanto, dispomos da força numérica face à minoria que governa. Sua força não obtém da sua polícia, mas sim de nosso consentimento, justificamos nossa covardia, em relação ao enfrentamento legítimo contra as forças que nos oprimem, com um discurso cheio de humanismo moralizador.

A recusa pela violência revolucionária está cravada nos espíritos daqueles que se opõem ao sistema defendendo alguns valores que o mesmo sistema lhes ensinou. Mas quando se trata de conservar sua hegemonia, o poder não vacila nunca em utilizar a violência.

"Sobre um governo que aprisiona injustamente, o lugar do homem justo é também a prisão" -
Henry David Thoreau
, "A Desobediência Civil"

Entretanto existem alguns indivíduos que escapam do controle das consciências, mas estão sob vigilância. Todo ato de rebelião ou resistência é assimilado como uma atividade desviada ou terrorista. A liberdade não existe, senão para aqueles que defendem os imperativo mercantis a partir de agora, a verdadeira oposição ao sistema dominante é totalmente clandestino.

Contra estes opositores, a repressão é a regra vigente. E o silêncio da maioria dos escravos
face a essa repressão é justificado pelo propósito midiático e político de negar o conflito que existe na sociedade real.

"E aquilo que fizemos antes pelo amor de Deus, fazemos agora pelo amor ao dinheiro, pelo amor a aquilo que dá a sensação mais elevada de poder e a boa consciência"
Nietzsche, "Aurora"


Como todos os seres oprimidos da história, o escravo moderno necessita de sua mística e de seu deus para anestesiar o mal que lhe atormenta e o sofrimento que lhe deprime. Mas esse novo deus a que lhe entregou sua alma, não é mais que nada. Um pedaço de papel.

Um número que tem sentido só porque todos decidiram dar. É por esse novo deus que estuda, trabalha, ri e se vende. É por esse novo deus que abandonou seus valores e está disposto fazer o que seja. Ele crê, que quanto mais dinheiro possua, mais se livrará da coação que o subjuga. Como se a posse fosse da mão da liberdade. A liberação é uma aproximação que provém do domínio de si mesmo. Um desejo e uma vontade de agir. Está no SER e não no TER.

Mas há que decidir se não vai servir e nem obedecer mais. Faz falta ser capaz de romper com os
hábitos que ninguém, ao que parece,*ou supor com juízo.* O escravo moderno está convencido de que não existe alternativa para a organização do mundo presente. Se resignou a esta vida porque pensa que não pode haver outra. É aí onde reside a força da dominação presente. Fazer crer que este sistema, que colonizou toda a superfície da Terra, é o final da história.

Convenceu a classe dominada que adaptar-se à sua ideologia equivale a adaptar-se ao mundo tal como é e tal como sempre foi. Sonhar com outro mundo converteu-se num crime condenando unissonamente pela mídia e por todos os poderes. Na verdade, o criminoso é aquele que
contribui, consciente ou não, com a demência da organização social dominante. Não há loucura maior que a do sistema presente.

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